Por Equipe Inclusiva
Associação Brasileira de Síndrome de Tourette, Tiques e Transtorno Obsessivo Compulsivo
Laboratório de Neuropsicologia Clínica
Setor de Neurociências
Universidade Federal Fluminense
Laboratório de Neuropsicologia Clínica
Setor de Neurociências
Universidade Federal Fluminense
GUIA PARA PROFESSORES SOBRE A SÍNDROME DE TOURETTE
Senhor Professor:
É possível que você nunca tenha ouvido falar em Síndrome de Tourette.
Entretanto, esta síndrome engloba uma série de sintomas que podem
afetar consideravelmente o desempenho de uma criança na escola, tanto em
termos acadêmicos quanto em nível de comportamento. Portanto, torna-se
importante que você saiba um pouco sobre o problema. A sua motivação em
tomar conhecimento da Síndrome de Tourette através deste folheto já
representa um grande passo no objetivo de ajudar ao máximo a criança
portadora desta síndrome. Os pais, a criança, os profissionais médicos e
para-médicos e, especialmente, os professores, todos trabalhando em
equipe, podem assegurar que as crianças com este distúrbio atinjam todo o
seu potencial.
Este folheto é organizado em três seções. A primeira descreve a
Síndrome de Tourette – suas causas, sintomas e tratamentos. Na segunda
parte, sugestões são oferecidas para professores e demais profissionais
da escola (orientadores, psicólogos, por exemplo) compreenderem as
necessidades específicas algumas perguntas, com sugestões de respostas,
comumente colocadas por professores que lidam com crianças com a
Síndrome de Tourette e duas famílias.
UMA SITUAÇÃO POSSÍVEL
Uma criança em sua classe causa perplexidade. Ela é inteligente,
amigável, ansiosa em agradar, geralmente bem comportada e educada.
Entretanto, sem nenhum motivo aparente, ela perturba a aula com roncos
desagradáveis. Ela também pisca os olhos constantemente, apesar do
médico de olhos afirmar que ela não precisa de óculos, e também persiste
em se mexer muito no assento. Você já falou com a criança e com os pais
dela sobre este comportamento, porém ela continua a apresentá-lo. Você
para e pensa: Será que ela está chamando a atenção porque seus pais se
separaram há pouco tempo? Será que está muito ansiosa em relação a
alguma coisa? Ou será que apresenta algum problema emocional que não
parece óbvio? Finalmente, algum médico sugere que esta criança possa ter
a Síndrome de Tourette.
O QUE É A SINDROME DE TOURETTE?
A Síndrome de Tourette (ST) é um distúrbio neurológico. Tipicamente,
os sintomas da ST aparecem na infância, e a época mais comum para o
surgimento dos movimentos é nas séries iniciais do primeiro grau. Desta
forma, os professores podem ser os primeiros a observar os sintomas da
ST. Há quatro aspectos básicos que caracterizam o distúrbio. Enquanto
que estes quatro aspectos básicos são necessários para o diagnóstico, há
comportamentos associados que frequentemente são observados em
pacientes com a ST. Estes comportamentos serão abordados mais adiante.
·
A criança com a ST exibe múltiplos tiques motores
involuntários. Estes tiques podem ser movimentos súbitos da cabeça,
ombros ou até mesmo de todo o corpo; piscar ou virar de olhos; caretas;
ou comportamentos repetitivos de tocar coisas ou bater com os dedos. Em
algumas crianças estes movimentos assumem um padrão muito complexo e
podem até mesmo incluir comportamentos direcionados do tipo cheirar
objetos ou ligar e desligar as luzes repetidamente.
·
O segundo aspectos da ST engloba os chamados tiques
fônicos – emissão involuntária de ruídos, palavras ou expressões. Entre
estes podemos incluir: fungar, pigarrear ou tossir repetidamente; uma
variedade de sons ou gritos; risos involuntários; ecolalia (repetição do
que outra pessoa ou a própria criança acabou de dizer); a coprolalia
(dizer palavras socialmente inapropriadas). Este último tipo de tique
fônico na verdade não é muito comum, porém parece ser um dos mais
conhecidos.
·
Outro aspecto característico da ST é o vai-e-vem dos
sintomas. Há fases em que os tiques são muito intensos e outras em que a
criança aparenta estar livre dos sintomas.
·
Finalmente, os sintomas da ST mudam com o passar do
tempo. Em uma determinada idade a criança pode exibir piscar de olhos e
fungamentos. No ano seguinte ela pode elevar um dos ombros e fazer
“cheques” com a língua.
Outra característica especialmente marcante da ST é que os tiques,
embora involuntários, podem ser suprimidos durante alguns segundos ou
por períodos mais prolongados por determinadas crianças. Desta forma,
uma criança com tique fônicos pode permanecer totalmente quieta durante a
missa e, no caminho de volta para casa, os tiques eclodirem com maior
intensidade e freqüência do que de costume. Estes aspectos da ST pode
erroneamente levar as pessoas a acreditarem que os comportamentos são
propositais, ou que a criança realmente não possui tique nenhum.
O QUE CAUSA A SINDROME DE TOURETTE?
Até recentemente, as pessoas com a ST e suas famílias sofriam muito
já que a razão do seu comportamento estranho não era compreendida pela
comunidade médica. A maioria recebia um diagnóstico incorreto e
tratamentos inapropriados, e os médicos diziam que elas tinham um
problema causado por uma variedade de distúrbio neurológico, com
sintomas associados que afetam o comportamento. É muito bom que os
professores conheçam os sintomas deste distúrbio, já que os educadores
frequentemente se encontram na melhor posição para observar o
comportamento de uma criança por períodos de tempo prolongados.
Atualmente é aceito que a ST, juntamente com alguns problemas
associados, é um distúrbio genético. É comum encontrar um ou mais tiques
motores ou comportamentos associados no distúrbio em membros da família
do paciente. Os pais destas crianças freqüentemente têm sentimentos de
culpa por terem transmitido este problema a seus filhos, como ocorre com
todos os distúrbios geneticamente transmitidos. É importante ser
sensível a isso ao conversar com os pais.
TRATAMENTO DA SÍNDROME DE TOURETTE
Quando os tiques são discretos, a criança pode ser diagnosticada e
não necessitar de tratamento médico. A aceitação do fato de que os
sintomas e comportamentos estão fora do controle da criança e não são
propositais, e algumas vezes suficientes para permitir que a criança
funcione confortavelmente na escola e em casa. Também pode ser útil
informar aos pais e aos colegas de turma sobre a ST, a fim de que eles
possam entender o motivo dos tiques. Em alguns casos, entretanto, os
tiques podem incomodar tanto a criança a ponto de tornar aconselhável o
tratamento médico. Infelizmente não existe uma “pílula mágica” capaz, ao
mesmo tempo, de abolir os sintomas e não apresentar efeitos colaterais
prejudiciais à criança. Muitas das medicações utilizadas atualmente
podem apresentar sérios efeitos colaterais, sendo mais comum ganho de
peso, sonolência e “lentidão de raciocínio”. Além destes, também pode
ocorrer inquietude, sintomas depressivos, fobia à escola ou até mesmo
reações alérgicas graves. Assim sendo, as medicações capazes de ajudar
também apresentam o potencial de tornar a criança sonolenta ou menos
apta a se concentrar e aprender na escola. As medicações, embora reduzam
os sintomas, raramente os eliminam por completo. Portanto, cabem os
pais e médicos decidirem se os benefícios da medicação superam os
efeitos indesejáveis. A informação sobre o funcionamento da criança no
dia-a-dia na sala de aula é fundamental para este processo de decisão,
sobre a necessidade de medicação.
DISTÚRBIOS ASSOCIADOS
Para muitas crianças com a ST, os tiques são os únicos problemas
capazes de afetar sua adaptação na sala de aula. Pesquisadores clínicos
observaram que há uma associação entre a ST e vários outros distúrbios
que afetam diretamente o comportamento e o aprendizado. Muitas vezes,
estes outros problemas representam o maior desafio para os educadores.
DISTÚRBIO DEFICITÁRIO DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE
Uma alta porcentagem de crianças encaminhadas para tratamento da ST
também apresenta problemas no nível de atenção, hiperatividade e
controle de impulsos. Muitas vezes, são estes fatores os que mais
interferem na sala de aula. O tratamento das crianças com esse problema e
com a ST é complicado, já que os medicamentos tipicamente usados para
tratar problemas de atenção acentuam os sintomas da ST.
COMPORTAMENTOS OBSESSIVO-COMPULSIVOS
Algumas pessoas com a ST também apresentam comportamentos
obsessivo-compulsivos, havendo uma necessidade incontrolável de
completar determinados rituais. Estas pessoas podem refazer uma tarefa
muitas vezes por causa de pequenas, quase que imperceptíveis
imperfeições. Algumas crianças podem praticar rituais como “igualar”, ou
seja, tocar em braço e depois o outro o mesmo número de vezes, ou um
ritual do tipo tocar ou andar aos pulos antes de entrar em uma sala. Ao
crescerem, podem começar a acreditar que alguma coisa ruim irá acontecer
a eles ou aos outros se este ritual não for completado. Em uma sala de
aula, esse tipo de comportamento pode, algumas vezes, dificultar a
execução adequada de uma tarefa.
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
Um número desproporcionalmente alto de criança tratadas para a ST
também manifesta alguma forma de distúrbio de aprendizagem. Problemas de
integração visuo-motora, que dificultam a execução de tarefas escritas,
são bem comuns. Porém, dependendo da criança, todo o espectro de
distúrbios de aprendizagem pode ser observado.
TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS ASSOCIADOS
Qualquer uma desses distúrbios associados pode requerer tratamento
por profissionais, especializados, dependendo da gravidade. Medicação,
psicoterapia, educação especial e modificação do comportamento podem ser
usadas dependendo do problema. Da mesma forma que todas que todas as
crianças possuem uma condição médica crônica, as crianças com ST podem
necessitar de aconselhamento e apoio, a fim de ajudá-las a lidar com o
impacto social e tensional de seus sintomas. O diagnóstico apropriado de
cada uma destas dificuldades é necessário antes de dar início a
qualquer tratamento. Não se deve nunca pressupor que uma criança que
tenha a ST irá sempre apresentar estes outros problemas. Um professor
bem informado, que possa se envolver no planejamento global de ajuda à
criança com a ST, é crucial pra o futuro ajuste e bem estar desta
criança.
A CRIANÇA COM A SÍNDROME DE TOURETTE
Não há uma criança “típica” com Síndrome de Tourette. Cada criança é
única. Algumas crianças podem possuir talentos artísticos ou musicais,
outras serem atletas excepcionais. Algumas são charmosas com um
excelente senso de humor, outras são sérias e estudiosas. Uma criança
com a ST é apenas isso – um indivíduo único com alguns sintomas de um
distúrbio neurológico. O professor que vê sempre a criança e não apenas
os sintomas, é de uma importância para o desenvolvimento de uma
auto-imagem equilibrada e positiva na criança com a ST.
GERENCIAMENTO DO ALUNO COM A SINDROME DE TOURETTE NA SALA DE AULA
Lidando com os Tiques
Para muitos alunos, o único aspecto da ST a se tornar evidente na
sala de aula são os tiques. A reação do professor a estes cacoetes se
reveste de uma grande importância. O professor e outros membros da
equipe pedagógica são os adultos mais frequentemente envolvidos com a
vida de um aluno com a ST. Este envolvimento são só confere uma séria
responsabilidade como também uma grande oportunidade para exercer um
impacto positivo e duradouro no ajustamento da criança coma ST e na sua
aceitação pelos colegas de turma.
DICAS PARA A SALA DE AULA
·
Em alguns casos os cacoetes e ruídos podem atrapalhar
a aula. É importante lembrar que eles ocorrem involuntariamente. Não
haja com raiva! Isso pode exigir paciência de sua parte, mas repreender o
aluno com a ST é como repreender uma criança com paralisia cerebral por
ser desajeitada. A criança com a ST que é chamada atenção devido aos
seus sintomas torna-se muitas vezes hostil em relação a autoridade e
fica receosa em relação a escola. Além disso, você estará servindo de
modelo para a reação das outras crianças da turma. Se o professor não
for tolerante, os outros na sala sentirão liberdade para ridicularizar a
criança com a ST. Os professores são modelos para os alunos. Portanto,
uma atitude positiva e a aceitação dessas crianças são fundamentais para
que elas se adaptem ao grupo.
·
Dê à criança oportunidades para pequenos intervalos
fora da sala de aula. Um lugar reservado como a sala do médico ou da
orientadora é adequado para dar vazão aos tiques. Alguns alunos com a ST
querem, e conseguem suprimir seus tiques durante um curto tempo, porém
há necessidade de descarregá-los devido a um aumento da tensão
emocional. Um intervalo em um lugar reservado, a fim de relaxar e
liberar os tiques, pode muitas vezes reduzir os sintomas na sala de
aula. Estes pequenos intervalos podem aumentar a capacidade de
concentração da criança, já que ela não estará usando toda a sua energia
na supressão dos tiques.
·
Permita, se necessário, que o aluno com a ST faça
provas em um local reservado, para que não haja gasto de energia
emocional na contenção dos tiques.
·
Trabalhe com outros alunos da turma e da escola a fim
de ajuda-los a entender os tiques e a reduzir as implicâncias e
ridicularizações. (solicite o folheto “Marcos e Cacoetes” escrevendo
para o endereço no final deste folheto).
·
Caso os cacoetes de uma criança se tornem muito
incômodos, evite temporariamente que a criança se dirija em voz alta
para a turma. O aluno poderia gravar exercícios orais de forma que ele
pudesse ser avaliado sem o “stress” de ficar diante da turma.
·
Você deve ter em mente que o aluno com a ST está tão
frustrado quanto você a respeito da natureza incômoda dos tiques. O
professor se tornado um aliado desta criança, e ajudando-a a lidar com
este distúrbio, juntamente com a família e outros profissionais, pode
tornar a vida acadêmica da criança coma ST uma experiência
enriquecedora.
LIDANDO COM PROBLEMAS DE ESCRITA
Uma percentagem significativa de crianças com a ST também possui
problemas de integração visuo-motora. Portanto, tarefas que exijam que
esses alunos visualizem, processem e escrevam também prejudica a cópia
do quadro negro ou de um livro, a execução de longas tarefas escritas e a
apresentação de trabalhos escritos. Até mesmo crianças com a ST que não
tenham problema algum para formar conceitos, podem ser incapazes de
terminar um dever escrito por dificuldades visuo-motores. Algumas vezes,
pode parecer que o aluno é preguiçoso ou “enrolador”, mas, na verdade, o
esforço para colocar a tarefa no papel é massacrante para esses alunos.
Há uma série de medidas que podem ajudar as crianças com dificuldades de escrita.
1.
Modifique as tarefas escritas permitindo que:
1.
A criança execute problemas alternados de uma página do
livro de aritmética;
2.
A criança apresenta os seus trabalhos oralmente;
3.
Um familiar, ou outro adulto atue como uma “secretária”
de modo que o aluno possa ditar suas idéias, para facilitar a formação
de conceitos. É bom concentrar-se no que a criança aprendeu e não na
quantidade de trabalho escrito produzido.
4.
Já que o aluno com problemas visuo-motores pode não
conseguir escrever rapidamente e, portanto, deixar de anotar informações
importantes, designe um colega de turma que utilize papel carbono para
fazer cópias de anotações e de deveres de casa. Este colega deve ser um
aluno confiável. Aja discretamente a fim de que a criança com a ST não
se sinta ainda mais diferente.
5.
Se a sua escola tem provas com sistema computadorizado
de pontuação, permita que o aluno escreva na própria folha de prova.
Este medida evita notas baixas causadas pela confusão visual que pode
ocorrer quando do preenchimento do cartão de respostas.
6.
De sempre que possível, tanto tempo quanto necessário
para a execução de provas. Mais uma vez, avalie a necessidade de dar
provas em outra sala, no sentido de evitar problemas como, por exemplo,
distração para o resto da turma.
7.
Aluno com problemas visuo-motores geralmente apresentam
erros de ortografia. Não considere os erros de ortografia e encoraje o
aluno a reler o texto produzido.
8.
Avalie a caligrafia baseando-se no esforço do aluno.
Alunos com a ST apresentam dificuldades especiais para a execução de
exercícios escritos de matemática. Eles podem ser auxiliados pelo uso de
papel milimetrado com quadros grandes, ou com papel pautado comum,
colocado de lado, a fim de formar colunas para o cálculo. O professor
também pode permitir o uso de calculadoras para cálculos simples.
Estas medidas podem representar a diferença entre um aluno motivado,
bem sucedido e um aluno que se sente um fracasso o que começará a evitar
as tarefas escolares por nunca conseguir bons resultados.
LIDANDO COM PROBLEMAS DE LINGUAGEM – GERAIS E RELACIONADOS À SINDROME DE TOURETTE
Algumas crianças com a ST têm sintomas que afetam a linguagem. Há
dois tipos de problemas: os que são comuns a outras crianças e aqueles
especificamente associados, aos tiques da ST.
As seguintes medidas pode ser úteis ao lidar com problemas de
processamento de linguagem relacionados a dificuldades gerais de
aprendizagem.
1.
Forneça tanto informação visual quanto auditiva sempre
que possível. O aluno poderia receber informações escritas e orais, ou
uma cópia do roteiro de aula enquanto ouve as instruções. Gráficos e
gravuras que ilustrem o texto também ajudam bastante.
2.
De instruções em uma ou duas etapas de cada vez. Quando
possível, peça ao aluno para repetir as instruções para você. Em seguida
faça com que o aluno complete um ou dois itens e verifique se ele os
fez adequadamente.
3.
Se você perceber o aluno resmungando enquanto trabalha,
sugira a ele que sente em um lugar onde não incomodará os outros.
Algumas vezes a repetição de instruções ou informações em voz baixa
ajuda estes alunos a entenderem e lembrarem a tarefa, bem como a
organizarem o raciocínio.
Entre os problemas de linguagem característicos da criança com a ST
encontra-se a repetição de suas próprias palavras ou de outra pessoa.
Estes sintomas pode parecer gagueira, mas na verdade há omissão de
palavras ou expressões. Outros alunos podem se aproveitar deste
problema, sussurrando ou dizendo coisas inapropriadas de forma que a
criança com a ST involuntariamente as repita e “entre numa fria”. Você
deve estar atento a este problema:
1.
Faça com que o aluno tenha um pequeno intervalo ou mude
para outra tarefa.
2.
De a criança um cartão com uma “janela” cortada que
deixe ver uma só palavra de cada vez. O aluno desliza a janela pela
linha que está lendo de modo que a palavra anterior é coberta e as
chances de ficar “preso” a uma palavra diminuam.
3.
Faça com que o aluno use lápis ou caneta sem borracha e
permita que o aluno complete o exercício oralmente.
A sua capacidade em ser flexível, como educador, por fazer toda a diferença do mundo.
LIDANDO COM PROBLEMAS DE ATENÇÃO
Além das dificuldades de aprendizagem, muitas crianças com a ST
possuem graus variáveis do Distúrbio Deficitário de Atenção com
Hiperatividade. Como mencionamos anteriormente, o tratamento médico
deste problema em crianças com a ST é complicado.
As sugestões que se seguem podem ser úteis ao aluno com a ST e Problemas de Atenção.
1.
Coloque a criança sentada na primeira fileira, em frente
ao professor, com o intuito de minimizar a distração causada pelas
outras crianças.
2.
Evite colocar a criança sentada perto de janelas, portas
ou outras fontes de distração.
3.
De ao aluno a possibilidade de um lugar calmo para
estudar. Pode ser no corredor ou na biblioteca. Este lugar não deve ser
usado como punição, mas sim como um lugar onde a criança possa se
dirigir quando estiver com dificuldades de concentração.
4.
O aluno deve trabalhar intensamente durante curtos
períodos de tempo, com intervalos para ajudar o professor em alguma
atividade ou simplesmente ficar em seu assento. Mude as tarefas com
freqüência. Por exemplo, passe alguns problemas de matemática, depois
muda para caligrafia, etc…
5.
Combine a execução de tarefas com antecedência. Um
número específico de problemas deve ser resolvido dentro de um tempo
pré-determinado. Seja realista. Alunos com problemas de atenção não
podem fazer duas ou mais atividades independentes ao mesmo tempo.
Exercícios curtos com verificações freqüentes são mais eficientes.
6.
Com uma criança mais jovem, uma atitude simples, como
colocar a sua mão no ombro dela, pode ser útil como um lembrete para
manter a atenção no que está sendo dito.
OS ALUNOS COM ST NECESSITAM DE EDUCAÇÃO ESPECIAL?
Como mencionado anteriormente, a variabilidade entre as crianças com
ST é grande. Algumas necessitarão de serviços educacionais
especializados devido a associação entre distúrbios de aprendizagem e de
comportamento. Estas necessidades têm que ser individualmente avaliadas
por profissionais familiarizados com a ST. A natureza incômoda dos
tiques não é, por si só, um motivo para excluir uma criança de uma sala
de aula normal.
UM DESAFIO E UMA OPORTUNIDADE
Educar uma criança com ST pode proporcionar desafios interessantes.
Quanto mais você conhece e entende o distúrbio, mais capaz você será de
ajudar o desenvolvimento desta criança. Você dispõe de uma tremenda
oportunidade de ter um importante impacto na vida desta criança.
Crianças com a ST que conseguem se sentir confortáveis com seus
professores e colegas, brilham na escola e se tornam indivíduos capazes
de desenvolver seus talentos e prestar uma contribuição positiva à
sociedade. Aquelas crianças cujos sintomas são mal compreendidos ou que
não encontram apoio na escola, carregam um enorme peso emocional. Para a
criança, a escola é a arena onde se é testado. A imagem de competência,
sucesso e valor que a criança tem de si mesma é tremendamente afetada
pelas experiências escolares. Conhecimento, apoio, paciência,
flexibilidade e carinho são os melhores presentes que um professor pode
dar a uma criança com a ST.
PERGUNTAS GERALMENTE FEITA POR PROFESSORES:
Pergunta: Eu li suas sugestões de como ajudar o aluno com a ST na sala de aula.
Entretanto, eu tenho que dar atenção ao resto da turma, que geralmente tem 30 alunos ou mais. Como é que eu vou arranjar tempo?
Resposta: A implementação destas sugestões realmente demanda tempo extra.
Entretanto, as pessoas que escolhem o magistério, em geral, o fazem
porque querem participar do crescimento e desenvolvimento de crianças.
Este desejo de ajudar as crianças é especialmente importante para a
criança com a ST.
Além disso, se você refletir sobre todo o tempo que você já gastou
tentando achar valida a adoção de algumas destas sugestões. A longo
prazo, você pode poupar tempo e diminuir o seu estresse e o da criança
ao criar uma situação onde a criança tenha uma chance de progredir.
Pergunta: O que eu devo fazer se achar que uma criança na minha turma tem a ST?
Resposta: È importante informar aos pais. Além disso, você pode nos contatar por carta. (Endereço no final deste folheto)
Pergunta: Se uma criança tem a ST, esse distúrbio irá necessariamente piorar com o tempo?
Resposta: Embora estejamos apenas começando a estudar o curso natural
deste distúrbio, já existem algumas informações. A ST não é
degenerativa. Após o surgimento dos tiques na infância, os sintomas
podem se acentuar até certo ponto e depois mudar com o tempo.
Entretanto, a maioria dos pais e crianças com a ST relata uma
estabilização dos sintomas com um quadro de melhora ou desaparecimento
ao término da adolescência. Até o presente momento, não se sabe apontar
que alunos apresentarão esse progresso.
Pergunta: Há uma criança na minha turma cujos pais dizem ter ST. Eu
não observei todos os sintomas que eles descrevem. Será que eles estão
inventando?
Resposta: Não, não estão. As crianças podem suprimir os tiques por
períodos de tempo variáveis. Geralmente elas fazem isso na escola para
não serem ridicularizadas pelos colegas. Em casa, onde é seguir, os
tiques se manifestam com mais intensidade. Infelizmente, a criança ao
suprimir os tiques na escola deixa de se concentrar em seus estudos.
Para sugestões, veja, por favor, a pág.5, lidando com os tiques.
Pergunta: Uma criança na minha turma toma remédios para a ST. Ela
frequentemente parece “desligada” e até mesmo já dormiu em aula. O que
devo fazer?
Resposta: Não deixe de informar aos pais. O professor é, via de
regra, o melhor observador dos problemas e dos efeitos da medicação.
Como parte da equipe de tratamento, o valor de suas observações é
incalculável. A criança tem que conseguir funcionar efetivamente na
escola para se considerar a intervenção medicamentosa válida.
Pergunta: Eu não consigo, muitas vezes, distinguir tiques de
comportamentos propositais em uma criança da minha turma. Como posso
fazê-lo?
Resposta: Você está em boa companhia. Até mesmo um grupo
internacional de experts no assunto não estaria totalmente de acordo
sobre o que é um cacoete e o que é simplesmente um problema de
comportamento. Os pais também encontram esta mesma finalidade. A melhor
coisa a fazer é conversar com os pais e médicos da criança e ver se eles
ajudam você a decidir. Uma conversa com o aluno pode ser proveitosa. Se
o aluno relatar uma compulsão para fazer alguma coisa pode ser que seja
a ST. Isso não significa que você tenha que aceitar um comportamento
socialmente intolerável. O aluno pode necessitar de uma assistência
médica ou outros profissionais familiarizados com a ST a fim de lidar
com estes problemas. Enquanto isso se lembre que a raiva e punição são
contraproducentes. Um lugar seguro, onde os tiques possam ser
descarregados, pode ser necessário algumas vezes, mas esta medida não é a
solução completa do dilema.
Pergunta: Eu tenho um aluno com a ST em minha turma, e tenho
encontrado dificuldades em lidar com seu comportamento. Frequentemente
converso com os seus pais. Entretanto, toda vez que eu tento conversar,
eles parecem muito aborrecidos comigo e não a entender que os problemas
do aluno são culpa minha. O que eu devo fazer?
Resposta: Tente lembrar-se que os pais estão tão frustrados quanto
você a respeito desses problemas, e eles estão ainda mais chateados por
ser o filho deles. Eles vêem você como um expert em crianças e esperam
que você seja paciente e compreensivo, embora muitas vezes fora da
realidade, eles esperam que você possa resolver o que eles não podem.
Além disso, eles sabem que a criança está sofrendo e querem protegê-la
de qualquer estresse ou ameaça. Finalmente, os pais de alunos com a ST
frequentemente já tiveram a experiência de que os outros não acreditam
neles e não entendem as necessidades de seus filhos. Portanto, às vezes,
eles podem ficar um pouco nervosos e discutir com você.
Se isso acontecer, tente expressar suas preocupações e frustração em colocar culpa neles ou na criança.
Pergunta: Onde posso conseguir mais informações sobre a ST?
Resposta: Escreva para:
Prof. Dr. Gilberto Ne Ottoni de Brito
Laboratório de Neuropsicologia Clínica
Setor de Neurociências
Instituto Biomédico – UFF
Rua: Hernani Mello, 101
Niterói, RJ
CEP: 22401-000
Agradecemos a autorização dada pela Tourette Syndrome Association para a tradução do folheto “Na Educator a Guide to Tourette Syndrome”
Traduzido por Mauro Fernando Cardoso Lins (Acadêmico de Medicina da UFF e Bolsista de Iniciação científica do CNPq).
Fonte: Associação Brasileira de Síndrome de Tourette, Tiques e Transtorno Obsessivo Compulsivo
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